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Saiba o que são os cuidados paliativos, tratamento recebido por Pelé

Psicóloga do Hemolabor, Thalita Soares Agati, explica sobre abordagem que visa a promoção da qualidade de vida através da avaliação precoce e controle de sintomas, em pacientes que estão vivenciando doenças ameaçadoras da vida


Com o envelhecimento da população, o aumento de doenças crônicas e de quadros de demências, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a cada ano, mais de 56 milhões de pessoas no mundo necessitem de cuidados paliativos. Recentemente, o tema ficou em evidência após a divulgação que o Rei Pelé, de 82 anos, não responde mais ao tratamento quimioterápico, e está sob cuidados paliativos. Desde o ano passado, ele tratava de um câncer de cólon, e no início desse ano, foi diagnosticado com metástase no intestino, fígado e pulmão.

 

Mas afinal, o que do que se trata esse tipo de cuidado? De acordo com a psicóloga do Hemolabor, Thalita Soares Agati, especialista no assunto, os cuidados paliativos são uma abordagem realizada por uma equipe multidisciplinar, que visa a promoção da qualidade de vida através da avaliação precoce e controle de sintomas, sejam eles físicos, sociais, emocionais, espirituais, a todos os pacientes e seus familiares que estão vivenciando doenças ameaçadoras da vida.

 

A recomendação, de acordo com Thalita, é iniciar esse tipo de cuidado, assim que finalizado o diagnóstico do paciente. “As pessoas associam o cuidado paliativo aos cuidados no fim da vida, e na verdade, esse cuidado é apenas uma parte. Quando se fala de cuidado paliativo, se fala de tempo, que é o melhor amigo nesses casos. Esse tipo de assistência deve ser prestada desde o diagnóstico de uma doença grave seja ela aguda ou crônica, e ameaçadora de vida. Quanto mais precoce for a abordagem ao paciente e à família, mais é possível desmistificar o conceito. Assim, o tempo auxilia no rompimento de barreiras, no acolhimento”, explica.

 

Equipe multidisciplinar

 

No Brasil, conforme o último mapeamento feito pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), em 2019, existiam apenas 191 equipes especializadas – a maioria, 55%, concentrada no Sudeste do país. “A abordagem multidisciplinar é essencial no cuidado desse paciente, e as equipes devem contar com psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, entre outros profissionais, que vão realizar o tratamento proporcionando conforto para esse paciente”.

 

Acolhimento

 

O acolhimento familiar é um dos pontos importantes do tratamento de cuidados paliativos. “A família é a extensão do paciente, e partir do momento que chega para a equipe, ela é acolhida e cada especialidade inicia sua intervenção específica, fazendo esclarecimento dia após dia desse paciente durante o tratamento, para que ela tenha uma percepção da realidade. É importante trazer a família pra dentro do hospital, organizar a logística de visita, a troca de acompanhantes para que todos possam participar desse momento do paciente, promovendo intervenções para possível luto antecipatório”.

 

Confortar sempre

 

Cuidados paliativos envolvem um conjunto de intervenções terapêuticas, diagnósticas e assistenciais, dirigidas tanto à pessoa doente quanto família. A palavra “paliativo”, aliás, vem do latim pallium, que significa manto, proteção. “Um dos precursores do cuidado paliativo fala que devemos curar às vezes, aliviar muito frequentemente e confortar sempre. Então paliar é sinônimo de proteger, nós só conseguimos proteger o nosso paciente se cuidarmos dele. Quanto mais precoce nós conseguirmos enquanto grupo assistir esse paciente, mais ele estará cuidado, mais estará protegido. Para que assim seja possível desmistificar o tema, como foi essa questão do Rei Pelé, que ajudou a colocar esse assunto em evidência e informar muitas pessoas que tinham dúvidas sobre ele. O cuidado paliativo está nas entrelinhas para evitar qualquer tipo de sofrimento físico, em todas as esferas, para dar voz ativa ao paciente, promover qualidade de vida, autonomia, e respeito a possíveis diretivas de vontade que ele venha a ter”.

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