Especialista alerta sobre os riscos de doenças crônicas e a relação dos alimentos ultraprocessados com a obesidade
Na sexta-feira, 11 de outubro, no Dia Mundial e Nacional de Prevenção da Obesidade, especialistas e autoridades de saúde destacam o impacto crescente do excesso de peso entre os brasileiros. Uma pesquisa recente, apresentada no Congresso Internacional sobre Obesidade, revela que, se as tendências atuais continuarem, até 2044, quase metade dos adultos brasileiros (48%) será obesa, e outros 27% terão sobrepeso, colocando três quartos da população adulta em risco de problemas relacionados ao excesso de peso.
Atualmente, 56% dos brasileiros já convivem com a realidade, 34% estão com obesidade e 22% com sobrepeso, segundo dados da pesquisa. No Distrito Federal, as estatísticas apontam que mais da metade da população (51,6%) está acima do peso, e 18% já são considerados obesos, conforme a última pesquisa Vigitel, realizada pelo Ministério da Saúde.
Segundo a nutróloga e gastroenterologista Jennifer Emerick, o aumento da obesidade é resultado do estilo de vida adotado por muitos brasileiros, com os efeitos mais graves sendo causados por uma alimentação desequilibrada. "Estamos cada vez mais sedentários e rodeados por alimentos ultraprocessados, a vida acelerada do dia a dia está empurrando e colocando para escolhas alimentares rápidas e, muitas vezes, pouco saudáveis. O problema é que isso tem consequências profundas para a nossa saúde futura", afirma.
A especialista explica que a obesidade pode estar associada a uma série de complicações graves, como diabetes tipo II, hipertensão e doenças cardiovasculares. "A obesidade é um fator de risco para muitas doenças crônicas, e o controle do peso precisa ser uma prioridade de saúde pública", destaca. Além dos fatores físicos, a nutróloga lembra que questões emocionais e psicossociais também estão ligadas ao aumento do peso. "Ansiedade, depressão e estresse têm um papel importante nesse processo. A comida acaba sendo uma válvula de escape para esses sentimentos, o que agrava ainda mais o quadro", pontua.
Jennifer Emerick enfatiza que apesar dos números assustadores, a mudança é possível, e a solução não está em dietas restritivas, mas em escolhas conscientes. "Não se trata de cortar alimentos calóricos de vez, mas de buscar um equilíbrio. É possível, sim, comer de tudo, desde que a base da alimentação seja composta por alimentos naturais, como frutas, legumes e verduras", reforça.
A pesquisa do Vigitel revela hábitos alimentares prejudiciais, como o consumo excessivo de refrigerantes, com 15,5% dos entrevistados afirmando que bebem a bebida cinco vezes ou mais por semana. Além disso, a falta de atividade física é um fator que contribui para o aumento dos casos de obesidade e sobrepeso no país. “As projeções para os próximos anos são um alerta para a população”, destaca Emerick, ressaltando que pequenas mudanças, como “desembalar menos e descascar mais”, podem ser o primeiro passo para um futuro mais saudável e consciente.